quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

A Ana, morava num apê no centro de uma cidade barulhenta, ela usava jeans claro e camisetas escuras , não gostava de salto, nem de muito perfume, era totalmente desapegada do corpo, dos cabelos, das unhas, mas tinha um cuidado muito especial com os olhos e o sorriso, não suportava não poder ouvir o que precisava saber ,não suportava se negar a escutar o que mundo tinha a dizer, mesmo que fosse tudo uma grande merda, na verdade ela sempre achou que precisava saber bem mais do que realmente precisava. Era uma menina impaciente, teimosa, e muito geniosa, para as pessoas das quais não gostava, Ana não fazia questão nenhuma de parecer inerte sem sal , agora as pessoas com quem ela realmente tinha contato, combinavam as respostas na hora de falar da dua personalidade: A Ana, ela era emotiva,irritante,divertida e impaciente ao extremo, dava ate dor de cabeça. Ela amava ouvir historias e tinha verdadeira admiração pelos amigos que cultivava, um dia ela percebeu que era mais amiga do que tinha tinha amigos, estava sempre lá para ouvir e nunca podia falar, mas como ela amava escutar histórias, não ligava pra isso, mas naquele dia , e eu me lembro bem, era uma quarta nada especial, tinha céu nublado, pessoas apressadas, compromissos marcados, um dia comum, ela resolveu tirar o jeans apertado e as camisas escuras, colocou uma saia longa, tirou os sapatos e fez o que nunca achou que teria coragem de fazer na vida! Ela desistiu das velhas historias,das amizades que ão eram verdadeiras, passou a andar por ai sem querer ouvir os outros, não queria mais escutar as histórias de ninguém, e passou a escutar a Ana só a Ana, ela amava frutas cítricas mas morria de azia e de sensibilidade nos dentes, gostava do sol mas odiava dias ensolarados, não tinha talento nenhum para pintar quadros, obviamente sabia fazer alguns rabiscos, mas jamais faria nenhuma obra de arte, então começou a frequentar exposições, quase toda quinta feira comprava um vinho novo, novos sabores, novos amigos , amigos de verdade dessa vez, que a escutavam ate demais. A Ana deixou as unhas crescerem, descobriu graças a exames de rotina que não poderia engravidar, ficou depressiva, começou a se maltratar e depois de uns meses indo a terapia , se tocou que aquele desconhecido sentado numa poltrona bege não poderia ajuda-la se nem mesmo ela tinha essa vontade. Num outro dia comum a Ana vendeu tudo , comprou uma casinha simples na praia , casa de madeira daquelas que a gente torce pra não pegar uma tempestade forte por medo de ver desabar, ela não tinha mais muitos medos, conheceu um cara chamado Raul que por um tempo ate fez bem mas depois começou a dar azia, e como ela não podia com frutas cítricas dispensou a acidez do tal de Raul. Deus sabia que ela não queria mais voltar a ser a Ana de antes. Mas a questão que quero tratar com isso aqui não tem nada a ver com ácidos, cítricos, Raul, a casa na praia , os pés descalços e os amigos falsos, a questão é bem mais simples! você não vai acordar com a vida desmoronando de uma vez só, ela ta indo aos poucos pro fundo do poço, mas você quer esperar um desastre,um câncer, um ano novo, com fogos e textos de incentivo pra mudanças, quer esperar ser chutada, demitido ou humilhado, quer perder a casa, o barco, afundar o carro num lago, seja lá o que for, você quer motivos, e não vê o real motivo todos dias quando escova os dentes ou penteia o cabelo ou quando por ventura, resolve limpar o espelho, você quer um dia especial pra começar a dieta, o novo emprego, a nova atitude,meu amigo, você vai morrer esperando! Hoje a Ana ta bem, tem umas recaídas, da uns tropeços e toma uns porres, mas vai indo, não espera mais acidentes, que a casa caia , que o ano mude ,que chegue ou que parta um amor, hoje ela muda a cada instante, com o vento,o clima, a temperatura do dia ou o volume do cabelo, simplesmente ela muda! tudo bem que perdeu o rumo algumas vezes, talvez na maioria das vezes, mas esta no caminho, segundo ela, mas logo ela muda de opinião novamente, eu não vou ler que a Ana mudou o mundo, mas é muito provável que se ela não fizesse tudo o que fez, eu um ouro dia comum eu leria que ela se matou, pulou na frente de um carro com os fones de ouvido no ultimo: "Morre garota que escutava demais e vivia de menos"